28/08/2024

Queda da taxa de juros: ela influencia na compra e venda do imóvel?

Helbor

Especialistas do setor imobiliário dão suas perspectivas sobre os impactos da queda da taxa Selic, que ficou em 10,5%; reflexo poderá ser visto a longo prazo Por Miriam Gimenes

Queda da taxa de juros: ela influencia na compra e venda do imóvel?

Há um movimento, desde o ano passado, para estimular a economia brasileira através da redução dos juros. Como resultado, a taxa Selic, que é a taxa básica de juros, tem sido gradualmente reduzida. Em 8 de maio, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central anunciou uma nova baixa, trazendo a Selic para 10,5% ao ano - em junho do ano passado estava em 13,75%. Essa queda influencia diretamente empréstimos, financiamentos e investimentos no país. Mas será que o setor imobiliário será impactado de imediato com essas medidas econômicas, ou demorará um pouco para sentir o reflexo? Conversamos com especialistas que analisam os possíveis impactos dessa mudança.

O CFO da Helbor, Leonardo Fuchs Piloto, afirma que o setor imobiliário tem uma correlação positiva muito forte com a taxa de juros e que qualquer alteração dela impacta diretamente o setor, mas é mais importante analisar a trajetória do índice e não somente a redução. “De forma mais ampla, acredito que as últimas reduções da Selic podem ajudar o mercado imobiliário em várias frentes, como baixar o custo de capital para as empresas, trazer o consumidor de altíssima renda mais para o jogo, pois o dinheiro dele que está aplicado passa a render um pouco menos. Além disso, alterações na Selic ajudam a baixar a taxa de financiamento para os adquirentes em geral”, analisa. No entanto, Piloto observa que os benefícios imediatos ainda são limitados. “Apesar da queda na taxa básica de juros, ainda não observamos uma redução nas taxas de financiamento imobiliário para os compradores finais. Por outro lado, os benefícios imediatos, a meu ver, são mais intangíveis, como a melhora no ambiente de negócios e um otimismo maior, seja para compradores, seja para desenvolvedores de projetos.” É um ensejo, portanto, para fazer a roda girar, já que nos últimos dois anos as taxas estiveram estabilizadas e isso se refletiu muito no mercado imobiliário. Sobre os imóveis Helbor à venda, Piloto menciona que o mercado imobiliário continua robusto, mesmo com a taxa de juros em dois dígitos - a expectativa, segundo o relatório Focus, divulgado pelo Banco Central, é que termine 2024 em 9% e chegue a 8,50% ao final de 2025. “Nós e o mercado como um todo estamos vendendo bem, com preços crescentes e com velocidade de vendas adequadas. Reduções nas taxas de juros são sempre positivas e ajudam a trazer mais funding para o setor, mas eu não espero uma mudança drástica no ambiente de negócios imobiliários”, analisa.

**IMPACTO NO FINANCIAMENTO ** O diretor de Crédito Imobiliário do Bradesco, Romero Albuquerque, concorda que a queda da taxa de juros impacta diretamente o setor imobiliário. “Isso ocorre em duas grandes vertentes: na incorporação imobiliária, pois o custo de um financiamento ficará menor, dando ao empresário a possibilidade de alguma redução nos preços a serem ofertados para seus clientes. E para o cliente pessoa física final, pois quando os juros reduzem, as parcelas mensais também diminuem, permitindo que uma quantidade maior de famílias tenha acesso ao financiamento imobiliário.” Ele destaca que, devido à escassez de poupança e ao fato de o financiamento imobiliário ser de longo prazo, a composição de funding para esses créditos depende não apenas da poupança (gerada pelo pagamento das prestações), mas também das taxas de juros de longo prazo da economia. Com as incertezas fiscais atuais, essas taxas estão subindo. Portanto, para Albuquerque, a expectativa é que os juros do financiamento imobiliário comecem a cair apenas no final deste ano ou início do próximo, quando as questões fiscais estiverem mais resolvidas. E para quem já possui um financiamento imobiliário, a queda da Selic pode resultar em um movimento futuro de portabilidade dos contratos ativos, buscando taxas menores oferecidas pelo mercado. E mais: com a queda dos juros, as parcelas do financiamento imobiliário também diminuem, o que torna os pagamentos mais acessíveis e facilita a adequação ao orçamento dos compradores.

**O QUE ESPERAR ** Com taxas de juros mais baixas, os custos de financiamento para a compra de imóveis tendem a diminuir, o que significa que os compradores podem obter empréstimos com pagamentos mensais mais baixos, tornando a compra de uma casa mais acessível. Além disso, a queda das taxas deixa os investimentos em imóveis mais atraentes em comparação com outros de baixo risco, como títulos do governo, o que pode incentivar os investidores a comprar propriedades para aluguel ou revenda, aumentando a demanda por imóveis. Outro fator importante é que com juros mais baixos, os bancos podem oferecer valores mais altos de financiamento, permitindo que os compradores adquiram imóveis de maior valor ou em melhores localizações. Os proprietários de imóveis existentes podem se beneficiar da queda das taxas de juros e refinanciar suas hipotecas, o que pode resultar em pagamentos mensais mais baixos ou em economias significativas ao longo do prazo do empréstimo. Embora a redução da taxa Selic seja uma boa notícia para o setor imobiliário e possa trazer benefícios a médio e longo prazo, os efeitos imediatos ainda são limitados. Para os consumidores, a expectativa é que, à medida que as incertezas fiscais - nacionais e internacionais - sejam resolvidas, os juros de financiamento imobiliário comecem a cair, tornando um momento potencialmente favorável para adquirir um imóvel no futuro próximo.