10/10/2024

Drones: revolução visual

Especialista dá dicas de uso e indica os modelos mais adequados para cada finalidade

Drones: revolução visual

As cenas de casas sendo engolidas pela lava de um vulcão na Islândia, em janeiro deste ano, não chamaram a atenção só pela fúria da natureza em Grindavik. A avalanche incandescente que varreu a cidade a 55 quilômetros da capital, Reykjavik, só pôde ser registrada em detalhes por drone, porque nenhum outro equipamento de voo tripulado seria capaz de se aproximar sem correr riscos.

Questões que envolvem segurança e economia também foram os motivos pelos quais o fotógrafo de arquitetura Márcio Kato trocou o helicóptero pelo drone em seu trabalho. Kato tem à disposição cinco drones, entre modelos da Autel e da DJI, líderes do setor.

As duas empresas de tecnologia ficam em Shenzhen, capital mundial do drone, no chamado Vale do Silício da China. A maioria dos equipamentos produzidos lá tem câmera embutida e função específica. “O Mavic 2 Pro é usado em longas distâncias e pode inclusive realizar voos autônomos, com rota traçada via Google Maps”, diz o fotógrafo.

Como profissional que registra o mercado imobiliário desde 2009, Kato também utiliza o modelo Evo 2 Pro 6K, da Autel. “A câmera tem uma resolução de imagem que permite estampar a foto em uma parede de 3 por 5 metros de um estande de vendas, por exemplo.”

Principais modelos e preços

Necessidade de uso e recursos oferecidos são pontos a serem observados antes de comprar um drone, alerta Kato. “Se for para publicar fotos no Instagram, um equipamento entre R$ 3 mil e R$ 5 mil já supre a necessidade”. Ele explica que há no mercado desde drones com câmeras de 200 megapixels a modelos capazes de ir além dos 120 metros de altura, limite determinado pela legislação. “É possível pagar entre R$ 10 mil e R$ 15 mil em um DJI Mavic 2, que sobe a 800 metros.”

Embora os preços tenham diminuído nos últimos dez anos, o drone ainda é um produto de valor elevado. No caso do Mini 2, capaz de gravar vídeos em 4K e com zoom de quatro vezes, o preço de um novo gira em torno de R$ 6 mil. Modelos de última geração como o Mavic 3 Pro, com câmera cinematográfica dupla e que transmite vídeos em HD a uma distância de até 15 quilômetros, custam em torno de R$ 30 mil.

Para quem só quer ter o primeiro contato com essa tecnologia, Kato sugere a estratégia adotada por algumas pessoas na hora de comprar smartphones, para economizar e conseguir um produto confiável. “Procure equipamentos de uma ou duas gerações anteriores, como Spark ou DJI Mini 2, cujos valores caem drasticamente frente às versões mais atualizadas.”

O fotógrafo indica também buscar grupos frequentados por usuários de drone em redes sociais. “Às vezes, a pessoa compra um por impulso e não utiliza, seja por medo ou falta de tempo”, diz. Ele mesmo já se deparou com equipamentos de marcas de ponta, com pouco ou nenhum uso, à venda nessas comunidades. Segundo o especialista, vale mais a pena comprar em uma comunidade assim do que adquirir um produto novo e desconhecido por valores baixos em sites de comércio eletrônico. “Você encontra online drones a partir de R$ 300, porém eles não oferecem segurança nenhuma. Se o equipamento perder o sinal de rádio, ele some. Caso caia e quebre, não tem peça para arrumar”, explica.

De olho nas regras de utilização

Kato recomenda que se faça um curso presencial de pilotagem de drone, com duração de um dia ou fim de semana. “O instrutor te leva a um campo aberto e te dá todas as dicas necessárias.” O fotógrafo adianta um segredo sobre o manejo do controle: “Quando o drone está indo, os comandos de direção funcionam do lado certo. Ao retornar de frente para você, eles se invertem. Ou seja, ao movê-lo para a esquerda, o drone vai para a direita.”

Por ser um equipamento controlado por rádio transmissor, todo drone precisa ser homologado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e o piloto deve estar cadastrado no Departamento de Controle de Espaço Aéreo (Decea), que deve ser informado sobre os voos recreativos. “É tudo online e o protocolo de autorização sai em poucos minutos”, diz Kato.

No caso dos voos profissionais, de até 120 metros de altura, o perímetro é mais restrito. “Você não pode voar perto de helipontos nem de aeroportos. É preciso estar também a 30 metros de distância de qualquer residência ou pessoa”, completa.

Da guerra ao entretenimento

Criados para fins militares de vigilância e ataque de modo remoto desde a Segunda Guerra Mundial, os drones entraram na vida civil da mesma maneira que os primeiros computadores pessoais. Isto é, até serem comercializados em escala industrial, os modelos iniciais eram verdadeiros Frankensteins. “Vendi meu carro, um Gol na época, e montei meu primeiro drone com peças de outros equipamentos, como motorzinho de avião e rádio de helicóptero,” lembra Kato.

Assim como o fotógrafo, outros profissionais do audiovisual e de vários setores foram atraídos por essa nova tecnologia, notadamente conhecida pelo som de suas hélices em voo (drone, zumbido em inglês). Logo, a velha máquina de guerra se tornou aliada importante no monitoramento e proteção de áreas onde o acesso é remoto ou precário, no dia a dia do agronegócio e até no cinema, em filmes como Chappie, Mercenários e 007: Operação Skyfall.

Atualmente, os drones de Kato registram em imagens 30 produtos da Helbor. Do projeto à entrega do empreendimento, tudo é acompanhado mensalmente, na forma de fotografias e vídeos. “O drone dá uma sensação de liberdade, de poder criar outras imagens, com a luz perfeita”, finaliza.