03/10/2024

Gatificação em casa

Pequenas mudanças nos ambientes podem melhorar o bem-estar físico e emocional dos gatos. Veja como deixar seu apartamento pronto para os bichanos

Gatificação em casa

Atenção, gateiros: seu apartamento já passou por uma gatificação? Se você não faz ideia do que seja isso, sem problemas porque vai descobrir aqui. Também é bom saber que não é complicado botar em prática esse conceito na sua casa. Apenas alguns detalhes já podem fazer toda a diferença na vida do seu bichano.

Gatificação nada mais é do que a adaptação de um espaço para os felinos. O primeiro ponto é considerar as possibilidades de usar prateleiras e nichos espalhados pelo apartamento. Os acessórios na decoração passam a ser um território explorado pelo animal. “Toda a gatificação da casa envolve justamente incluir coisas que eles podem escalar, por onde podem andar”, explica Alexandre Rossi, zootecnista e especialista em comportamento animal. “A pessoa consegue aproveitar bem a parte aérea dos cômodos sem diminuir o espaço disponível para ela e até outros pets.”

De acordo com o especialista, conhecido como Dr. Pet, dá para combinar prateleiras com nichos nas paredes do apartamento. Vale lembrar de deixar espaço para eles passarem pela frente, por trás ou pelo lado de livros e objetos de decoração. Certifique-se, porém, de que estão acomodados de modo a não terem chance de cair sobre os animais e de que os itens são pesados o suficiente para não se moverem com a passagem dos bichanos. “Alguns gatos são mais arteiros, então bibelôs e outros objetos de decoração podem cair”, comenta Rossi.

Um aspecto fundamental para que o felino use esses elementos aéreos da casa é a textura. “Ele vai passar apenas se não for derrapar. É importante ter superfícies ásperas para os gatos usarem para tirar as unhas velhas e também para se agarrar”, diz Rossi. Nesse caso, ele recomenda o uso de lixas ou carpetes presos sobre os nichos e as prateleiras.

Para manter os bichanos entretidos. Helen Bitencourt, assistente de Projetos do Personalize da Helbor, indica ter em casa armários, cômodas ou playgrounds mais altos. Foi o que ela fez com os seus quatro gatos: Salem e seus filhotes, Bisteca e Carrapicho, ao lado do novato Farelo. “Instalamos um brinquedo nas paredes, composto por pequenas plataformas para escalarem e uma ponte que passa de um lado ao outro”, conta. “Também sempre tentamos entretê-los com bolinhas e ratinhos de pelúcia, mas o que eles gostam mesmo é de roer nossos sapatos e derrubar nossas coisas de cima dos armários de caixas de papelão, que eles amam!”, conta.

Para manter uma decoração bonita

Com o intuito de garantir a funcionalidade, mas também a beleza dos cômodos, vêm surgindo no mercado de negócios focados em móveis desenvolvidos especificamente para gatos. A Gattedo é uma delas. “Somos especialistas em bem-estar felino por meio do enriquecimento dos ambientes. Criamos produtos que possibilitem isso, mas sempre pensando em decorar com bom gosto a casa do tutor”, afirma a proprietária Andressa Cappellari.

A empresa vende de arranhadores a redes de parede e janela. No nicho em que atua, a valorização do design faz dos produtos parte da decoração. Playgrounds, com elementos dispostos pelas paredes, são esteticamente bonitos. Caixas de areia lembram móveis estilosos sendo acessível para o gato, sem prejudicar o visual dos ambientes.

Andressa é tutora de Catarina, uma Maine, e de Edu e Caetano, ambos sem raça definida. “Estudo há anos o comportamento felino e criamos objetos que se aproximam do hábitat dos gatos para, assim, conseguirem desenvolver seus instintos”, diz a empresária.

Entre os acessórios do universo gateiro, itens como arranhadores e brinquedos servem para entreter os bichanos, mas também ajudam na manutenção dos móveis da casa. Os felinos gostam mais de arranhar ou se pendurar em certos materiais, como papelão e sisal. “O ideal é ter alguns deles para descobrir a preferência do seu gato”, diz o Dr. Pet. “É importante que o objeto fique firme e tenha um tamanho razoável para não cair”, ressalta Rossi.

De acordo com o especialista em comportamento animal, por instinto, os felinos naturalmente buscam brinquedos e arranhadores, mas também é possível usar a erva do gato para atrair o bichano para aquele objeto. Lojas como a Petz vendem esse e outros artigos para felinos. Fazem sucesso com esses animais varinhas com penas, guizos e arranhadores de papelão, fabricados em formas divertidas como as de uma TV de tubo, um foguete ou um castelo.

A textura, aliás, não é relevante somente em prateleiras e arranhadores. Antes de comprar uma poltrona ou sofá novo, por exemplo, ou de mandar forrar algum deles, saiba que existem materiais que atraem mais os bichanos. “Os gatos preferem determinados tecidos para arranhar e tirar pedacinhos de unha velha. Vimos que eles gostam de chenille, e não do gorgurão impermeável, por exemplo”, afirma Rossi.

Além de um sofá em bom estado, quer garantir um móvel livre de pelos? “A dica é jogar um pano em cima dos móveis, na parte em que as pessoas sentam. Como o tecido não fica completamente fixo, eles não gostam”, explica o Dr. Pet.

A coordenadora de Marketing da Helbor Virgínea Tzung usa arranhadores e playgrounds com seu gato Guri, da raça Manie Coon, e Tyrion, um Bengal. Com a intenção de evitar possíveis estragos nos móveis, ela posiciona os arranhadores em lugares estratégicos. “Eu recomendo sempre que os arranhadores sejam colocados em locais que os gatos gostam de arranhar, como pé de mesa, braço do sofá e box da cama. Você não limita a alegria deles e ainda preserva suas coisas”, diz Virgínea.

Segundo ela, dá para decorar a casa e divertir os gatos simultaneamente. “A dica é escolher coisas que combine com o ambiente para montar um espaço funcional”, afirma Virgínea. “Criei em casa uma decoração na varanda com nichos fazendo um caminho para eles subirem. No final, coloquei um tronco de árvore para eles deitarem. Ficou decorativo, e eles adoram ficar por lá.”

Segurança e bem-estar dos animais

Gatos são animais curiosos e conhecem cada cantinho da casa. Pensando na segurança e no bem-estar desses pets, Rossi destaca três pontos essenciais para o tutor ficar atento: ter mais caixas de areia, usar fonte de água em movimento e pôr telas nas janelas, inclusive no banheiro que é um cômodo frequentemente esquecido.

Se a intenção é assegurar uma rotina mais segura e confortável para os felinos, ter apenas uma caixa de areia é muito pouco, explica Rossi, que recomenda deixar banheiros de gato disponíveis também em outros espaços. “Elas normalmente ficam em ambientes mais afastados, na periferia da casa”, diz. “Se a pessoa tem um gato, o certo é colocar pelo menos duas caixas, de preferência em lugares diferentes no apartamento.”

Os bichanos evitam usar lugares sujos, então terminam fazendo menos cocô e xixi do que deveriam. “Isso pode causar fecaloma, que é o endurecimento das fezes, um problema às vezes de solução cirúrgica. Também aumenta a chance de infecção urinária, e no macho até cálculo, por prender o xixi”, explica Rossi.

Beber bastante água auxilia no combate a problemas assim e, de acordo com o especialista, a fonte faz diferença. “Por instinto, o gato gosta de tomar água em grandes superfícies ou em movimento.” A localização da água interfere em quanto ele vai se hidratar. Potes de comida e caixas de areia por perto podem enganar o olfato do bichano. “Por causa do cheiro, ele pode se confundir e achar que a água está contaminada.

Bola de pelo

Escovar os gatos não é meramente uma questão estética. Fazendo isso, mais do que ter um pet bonito, você consegue agir contra a formação de muitas bolas de pelo. “Eventualmente isso pode ser um sinal de que a pessoa está escovando menos o gato do que poderia. Isso ajuda na limpeza, e eles engolem menos pelo quando estiverem se lambendo”, explica Rossi.

Como são situações comuns na vida de um gato, as bolas de pelo podem levar o bichano a ficar engasgado. Se as bolas de pelo forem muito frequentes e você perceber que seu pet está com dificuldade de expeli-las, pode ser que estejam ficando retidas durante o processo digestivo. Essa situação pode provocar sintomas como vômitos, dores abdominais, falta de apetite e apatia. Outras possibilidades são alterações nas fezes, entre elas, ressecamento ou diarreia. Além das consultas regulares ao veterinário, diante de mudanças como essas, leve seu bichano para a avaliação de um profissional.

“Uma dica é ter vasinhos com sementes de milho e aveia, por exemplo. Por instinto, eles acabam comendo aquilo, o que auxilia na digestão”, finaliza o Dr. Pet.